Goo Goo Dolls vem pela 1ª vez no Brasil para cantar 'Iris' e novo álbum sobre tempos 'confusos'

InterviewSeptember 13, 2019G1

 Durante o sucesso de "Iris" no final dos anos 90, o Brasil não entrou na rota das turnês do Goo Goo Dolls. Era culpa do "péssimo" empresário da banda, avalia o vocalista John Rzeznik.

Após demitirem o cara responsável por isso, a banda americana estreia no Brasil em setembro. Tocarão no Rock in Rio e em outros três shows com Bon Jovi (veja mais abaixo).

Apesar do auge no começo dos anos 2000, quando o pós-grunge romântico dominava rádios e paradas, Rzeznik e Robby Takac lançam nesta sexta (13) o disco “Miracle Pill”.

As 11 faixas começaram a ser escritas pelos dois, os únicos da formação original, na turnê de 20 anos do álbum “Dizzy Up The Girl”.

O single que dá nome ao disco foi escrito a partir das observações do vocalista nos últimos anos. "Estamos todos confusos, um pouco assustados, descontentes e buscando por soluções instantâneas que pareçam novas. Eu também", conta Rzeznik ao G1, por telefone.

Aos 53 anos, ele também fala sobre parceria com o produtor Sam Hollander (Panic! At The Disco, One Direction, Katy Perry) nas composições.

 Goo Goo Dolls: Como será o show no Rock in Rio 2019?

O convite para abrir shows do Bon Jovi em Recife, Curitiba e São Paulo foram como um "presente", define o vocalista. A oportunidade veio após participação no cruzeiro de Jon Bon Jovi no Mar Mediterrâneo:

"Tenho tanto respeito por esse cara, ele é a pessoa mais inteligente que eu já conheci no mercado da música."

Quando perguntado sobre os problemas com álcool, Rzeznik afirma que é alcoólatra, mas que está há 5 anos sem beber. "Levei um tempo para ficar bem e tenho que trabalhar nisso todos os dias."

G1 - Queria começar falando sobre a turnê de 'Dizzy Up The Girl' do ano passado. Como foi tocar aquelas canções depois de tanto tempo?

John Rzeznik - Eu estava animado para tocar as canções do álbum em ordem, como as pessoas devem ouvir em suas casas. Não tocava algumas músicas há anos, foi até difícil de aprendê-las de novo. Foi divertido olhar para trás, principalmente para chegar no final da turnê e deixá-lo de lado por estar pronto para escrever o novo álbum.

G1 - Quando você começou a escrever? Foi durante ou depois do fim da turnê?

John Rzeznik - As coisas começaram a aparecer enquanto eu estava tocando guitarra ainda na turnê. Tive um monte de ideias, fui para Califórnia e encontrei com alguns amigos. Então chamei todo mundo para gravar depois. Fiquei surpreso com a rapidez que "Miracle Pill" foi criado.

G1 - Li que o ponto de partida do novo álbum é a sua observação desta segunda década do século 21. Que observações são essas?

John Rzeznik - Estamos todos confusos, um pouco assustados, descontentes e buscando por soluções instantâneas que pareçam novas, pelo menos nos Estados Unidos. Eu também.

Eu estava procurando algo fora de mim que pudesse fixar as coisas e pudesse fazer as coisas ficarem melhores, como uma pílula milagrosa que pudesse me consertar mesmo. Não literalmente pílulas, você me entende, né?

G1 - Pode falar mais sobre a música 'Miracle Pill'?

John Rzeznik - Ela é sobre fazer conexões. É sobre pessoas que estão tentando fazer conexões, porque as perderam. Pessoas que não sabem fazer conexões, apenas tentam. Observei a vida dos outros e a minha e escrevi sobre como é ver e sentir isso.

G1 - Você tem algo que atue como uma 'pílula milagrosa', para melhorar a ansiedade?

John Rzeznik - Eu não tenho e este é o ponto: ela não existe. Não existe pílula milagrosa. Estamos apenas tentando ser melhor do que éramos no dia anterior. Portanto, as coisas são lentas e consistentes, mas isso não é divertido.

 G1 - Qual foi o ponto de partida das outras músicas?

John Rzeznik - Tudo começa tendo uma melodia, que pode vir da guitarra ou do piano. Depois você começa um trabalho no estúdio com a produção. Eu realmente gosto desta parte do estúdio. Sinto que neste ponto da minha carreira eu não tenho que me preocupar com uma série de coisas, então me sinto muito mais livre para fazer o que eu quiser.

G1 - A que você atribui essa confiança?

John Rzeznik - Acho que muito disso tem a ver com estar por aí há tanto tempo. A gente quer fazer música que as pessoas gostem, que as pessoas se conectem. Eu sinto que ainda tenho algo relevante para falar. Pelo menos espero que sim, talvez não. [Risos]

G1 - Como foi trabalhar com o Sam Hollander?

John Rzeznik - Eu queria escrever com ele há muito tempo. Sou um grande fã da força de suas últimas músicas ["High Hops" com Panic! At The Disco, "I Love The USA" com Weezer"]. O que eu amo em parcerias, especialmente com caras como Sam Hollander, é que ficávamos sentados tocando e de repente uma ideia vinha para mim. Depois ele colocava-a dentro do que estava fazendo, então soava diferente.

Eu nunca teria pensado ou feito alguma coisa parecida, mas é divertido ouvir coisas que nunca pensei saírem da minha boca. O resultado fica tipo "uou" e quando isso acontece, acende uma ideia para mim, depois outra e temos uma bola de neve.

 G1 - Li também que você sempre quis trabalhar com um coral gospel e isso aconteceu em 'Autumn Leaves'. Pode falar um pouco sobre essa experiência?

John Rzeznik - Foi incrível e inspirador. São vozes incríveis e talentosas trabalhando juntas. Um dos objetivos que eu tinha era trabalhar com pessoas que estão muito acima de mim, falando de talento mesmo. Aprendi muito e isso é muito divertido, porque eu poderia facilmente ter relaxado e escrito as mesmas músicas, mas foi diferente.

G1 - Na descrição de 'Miracle Pill', você comenta as relações de hoje e fala: 'Está triste, tome uma pílula. Está se sentindo sozinho, seja popular na redes sociais'. Pelo seus perfis nas redes, você não é muito do tipo que gosta delas. É verdade?

John Rzeznik - O que eu quero que as pessoas saibam sobre mim são as minhas músicas. O que eu quero que as pessoas vejam é como eu toco, como eu faço o show. Quero me conectar com elas nesse nível. Eu acabei de me tocar que deveria fazer isso, porque isso me faria ficar mais popular, mas eu não ligo, eu não quero. [Risos]. Isso é o mais honesto que eu consigo ser.

    "Eu amo minha mulher, minha filha, minha vida, mas isso é meu. Não é algo que quero compartilhar com mais alguém."

Quero dar para as pessoas as músicas, porque isso ainda é a coisa mais importante. Pelo menos espero que seja. Quero dizer espero que o último show ou alguém correndo pelo palco não seja tão importante quanto as músicas.

G1 - Agora falando um pouco de Rock in Rio, em 30 anos de carreira como vocês nunca estiveram no Brasil?

John Rzeznik - Eu tinha um péssimo empresário para marcar shows. [Risos] Mas é verdade. Sempre fiquei impressionado vendo pessoas que saem do Brasil para ver nossos shows nos Estados Unidos. Agora finalmente posso responder a pergunta de quando vamos tocar no Brasil.

Nós demitimos a pessoa e de repente estamos indo bem melhor [Risos].

G1 - Como está a expectativa para este show?

John Rzeznik - Estou muito animado. É insano que vamos tocar no Rock in Rio. É algo que você sonha em ter a chance de fazer.

A gente sempre fica sabendo do line-up e ouve falar da enorme multidão que vai ao festival. É muito excitante pensar que vamos parte disso depois de tantos anos.

G1 - Além do Rock in Rio, vocês vão abrir os shows do Bon Jovi. Como foi que isso aconteceu?

John Rzeznik - Eu estava fazendo um cruzeiro com Jon no Mediterrâneo. Depois disso ele me perguntou se teríamos interesse em abrir os shows dele e eu respondi que sim, com certeza gostaríamos.

Eu tenho tanto respeito por esse cara, ele é a pessoa mais inteligente que eu já conheci no mercado da música.

Nós estávamos procurando um jeito de entrar no mercado da América do Sul e de repente esta oportunidade apareceu. Foi um presente incrível, algo muito generoso.

G1 - Você está curioso para ver alguma coisa especial no Brasil?

John Rzeznik - Ah, quero conhecer a cidade. Quero que alguém me leve para passear no Rio e me mostre os lugares, o que tem de mais legal.

G1 - Para finalizar, uma pergunta que os fãs querem saber. Você teve problemas no passado com álcool, mas queria saber como você lida com isso hoje.

John Rzeznik - Sim, eu sou alcoólatra, mas não bebo há 5 anos. Ou parava de beber ou morria e eu não queria morrer. Eu demorei um tempo para ficar bem e tenho que trabalhar nisso diariamente. Eu fiz uma escolha.

    Quando: 22 de setembro
    Onde: Estádio do Arruda - Av. Beberibe, 1285, Arruda
    Ingressos: De R$ 130 a R$ 640 pelo site Eventim

    Quando: 25 de setembro
    Onde: Allianz Parque - Av. Francisco Matarazzo, 1705, Água Branca
    Ingressos: R$ 180 a R$ 780 pelo site Eventim

    Quando: 27 de setembro
    Onde: Pedreira Paulo Leminski - Parque das Pedreiras - R. João Gava, 970, Abranches
    Ingressos: R$ 270 a R$ 920 pelo site Eventim

    Quando: 29 de setembro
    Onde: Rock in Rio
    Ingressos: Esgotados

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